24 de julho de 2009

Se eu o soubesse...

Se eu o soubesse naquele dia em que me faltou uma palavra apenas...
Se eu soubesse que MEL era o nome que não me vinha, um nome tão pequenino quanto você, embora LUA não se ausentasse em nenhum momento...

Se eu o soubesse como tranquilidade e sorriso de anjo,
me tranquilizaria e sorriria como tal, porque saber importaria menos que coisas que não importam.

Mas não sosseguei até o dia em que viesse e me trouxesse a tal palavra.
Que tolice a minha, eu nada poderia saber até que de fato nos encontrássemos e você sorrisse, suspirasse, ficasse sempre com uma meia e uma luva só, como seu pai reparou.

Naquele dia, eu queria dizer sobre o que tinha para te dar e a lua entrava bem aí.
Mas antes que eu encontrasse a palavra, você veio e trouxe o mundo, tão imenso de sensações, tão calmo, tão real, como em um sonho...

Te amo.

13 de maio de 2009

Avulsos pensamentos!

Tomei um banho e lá se foram os pensamentos pelo ralo
Se transformaram em sereno quando saíram pela janela.

As palavras caíram esfregadas
Com cheiro de sabonete.

Me sinto com mais de cinquenta quilos delas
E é impressionante como me emudecem, sempre.

Travo o meu olhar
Presto minha atenção
Mas elas são rápidas demais
Proliferam-se como bactérias.

É como se não quisessem ser lembradas
Fazem valer o instante
Que jamais se repete.

Me roubam a fala
Para livremente me escreverem...

Agora eu compreendo.

Basta viver!

Bastam as orações
As lágrimas germinadas a cada quinze dias
Sem muito contato direto com o sol.
As brechas de paciência que surgem sempre na porta
Na hora em que estou despida.

Basta a diferença entre correr mundo afora
E enclausurar-se mundo adentro
Que existe apenas na sombra das nuvens sobre as montanhas.

E bastaria mesmo amassar todas as folhas falsamente inspiradas
Derramar em gotas todo o excesso de percepção
Calar-me num sorriso
Porque palavras em si
Há muito me compreendem a falta.

Mas de todas as coisas silenciadas
Ou mesmo desacorrentadas por entre as sombras das nuvens
Basta o amor
Aquele mesmo que não suportaria a tola ilusão do significado.

25 de março de 2009

Amarela!

Penetrando lá dentro
Naquele centro de odor húmido
Nua
Para sentir com toda a fragilidade do corpo
Não a delicadeza do orvalho
Mas a brutalidade da chuva forte
Toda em mim
Os seus últimos pingos restantes.

Era o melhor cheiro do mundo
O amarelo mais vivo do mundo
E eu poderia dormir
Mas troquei o sono
Pelo sonho de estar viva
Ali dentro daquele centro
Todo em mim
Mim no todo.

Penso se seria melhor me tocar
Mas permanecer invadida
Amarelada
Já é a melhor decisão
A imobilidade
Nesses casos
É atraente demais.

Ah, você vai sair borboletinha?!
Vai bater suas asinhas e voar?
Tudo bem
Já estava mesmo me sentindo tímida
A boca já se encontrava aberta
E já quase me perderia no meu embaraço.

11 de março de 2009

Rio das pedras!

Loucos somos nós
Me disseram as pedras do rio.

Só elas percebem
O silêncio
A calma
E a leveza de suas águas.

E mesmo as águas de ritmos velozes
Transbordam a limpidez do silêncio total.

É que o silêncio
À que me refiro
É a pureza de todas as coisas
Impuras.